quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Resoluções de Ano Novo

Ufa! Passou aquela frescura do Natal, agora posso ir sossegada ao shopping sem ouvir "Jingle Bells...Jingle Bells..."
Porém se aproxima uma nova mania: o Ano Novo. Roupas brancas, calcinhas e cuecas coloridas, simpatias e as sempre frequentes Resoluções de Ano Novo.
Todo o ano a mesma coisa. Passa-se o ano todo fazendo planos e adiando, mas quando chega o fim de ano, o marco-zero, um novo começo, as pessoas voltam às suas listinhas.
"Esse ano eu entro numa academia!". "Em 2008 eu começo a fazer inglês!". "A partir da meia noite não fumo mais!". É claro que lá pelo meio de fevereiro a pessoa ainda não se matriculou na academia, não procurou escola de idiomas, e continua fumando uma carteira de cigarros por dia.
Creio que essas tais resoluções devem ser feitas a todo momento. Pra que esperar uma segunda feira pra começar regime? Morrer de fome nos três últimos meses do ano pra emagrecer e curtir duas semanas de praia? Sem falar na "torração". AHh essa na minha opinião é a mais ridícula. Quem disse que tom bronzeado é a cor da saúde? Pois saibam, meus caros, que quem se bronzeia, principalmente passando pelo estágio do tom pimentão, está matando suas células, desidratando a pele, consequentemente: envelhecimento precoce! Sempre rio quando vejo aquela mulherada na beira da praia parecendo aqueles frangos de televisão de cachorro. Queima um lado, se besunta mais, vira...e assim vai. Depois vira uma ameixa. Com 30 anos e cara de 40!
Juro que isso não é despeito meu, pois desde criança nunca peguei cor nenhuma, desde os 15 sei que esse negócio é pura burrice, e assumi minha branquice, a despeito de todos me darem apelidos: branca de neve, copo de leite....porém, saudável e sem cara de 30!
Voltando às resoluções: pensei na minhas. Quero voltar a estudar italiano, em prol da minha cidadania, que com certeza é a meta de 2008. Terminar a minha pós com chave de ouro, fazer uma boa mono. Continuar a ver minhas amigas, e sair com elas sem meu namorado uma vez por mês. Continuar minhas negociações no trabalho pra progredir...e ser feliz. Enfim, dar continuidade nas coisas que já comecei esse ano.

Que todos vocês tenham perseverança e não deixem de lado suas resoluções. Tenham tenacidade, persistência e consigam sucesso. Parem de fumar, comecem a fazer inglês, entrem numa pós, emagreçam, conheçam alguém especial, comprem aquele sonhado carro, apartamento ou televisão, ou simplesmente quitem suas dívidas.
Sejam felizes....sem complicações!
Um abraço à todos vocês, nos vemos em 2008

sábado, 22 de dezembro de 2007

Então é Natal....

Já escrevi há alguns posts atrás que o ano passou muito rápido. Já no começo do mês já era possível detectar alguns sinais de que 2007 estava se despedindo. Alguns desses sinais:
as músicas natalinas insuportáveis tocadas em harpas,
a decoração dos shoppings,
amigo secreto,
confraternizações no trabalho (pessoas que se odeiam se abraçando)
festa de família (parentes que se odeiam se abraçando)
todo mundo esperançoso e já pensando nas resoluções de ano novo (que lá por março já estão esquecidas)
todo mundo preocupado em comer panetone, peru e sidra,
e o hour concour , crème de la créme: as chamadas do show de fim de ano do Roberto Carlos!
Falem sério, alguém ainda assiste à essa múmia? Nem meus pais que eram fãs dele desde a época da jovem guarda assistem mais!
Enfim, cada um é cada um, cada qual é cada qual, e mal gosto não se discute - lamenta-se.

Tem muitas coisas em fim de ano que eu não gosto. Acho que o espírito do Natal foi perdido e trasformado numa festa comercial demais onde só os presentes são importantes. Na verdade o real sentido do Natal é que é uma festa de aniversário. Sim, daquele que independente de religião ou crença mudou a história do mundo ocidental. A ponto de nosso calendário ter tido início justamente no seu nascimento, a cerca de 2007 anos (mas definitivamente não em dezembro e muito menos ele era loiro de olhos azuis.)
A igreja sempre seu um jeitinho de dar as cartas, até na aparência, estado civil (porque que ele era casado com Maria Madalena não tenho dúvidas)
Enfim, minhas crenças à respeito são bem particulares, fruto de alguém que estudou em colégio de freiras, filha de um ex seminarista, mas que sempre teve liberdade de questionar.
Mas cumprindo o protocolo....desejo à todos um Feliz Natal e que 2008 seja um ano bom. Afinal será um ano 1 (2+0+0+8 = 10 = 1) que é a chance de um recomeço, começar do zero, alías, começar do UM.

Felicidades à todos!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

" A gente quer inteiro e não pela metade"

Creio ter acabado mais um ano de compromissos. O que pode significar que eu consiga escrever mais aqui (mas não prometo!).
Esse ano pra mim foi bem agitado e fazendo uma retrospectiva com minha psicóloga ontem (sim eu faço terapia, assumo sem vergonha nenhuma e recomendo a todos), cheguei a conclusão que foi um ano rico pra mim, com muitas realizações e quebras de paradigmas. E isso é muito bom! E significa também que nunca é tarde pra mudar certas coisas, hábitos, crenças, muitas delas pautadas em coisas tão insignificante e que achamos que são essenciais para nossa vida.
Um exemplo? Como já falei aqui, a busca de um relacionamento e de uma pessoa perfeita. Ando escrevendo muito sobre isso, mas é porque quero que meus amigos e amigas vejam que existe muito mais além de conceitos pré concebidos e bitolados com relação à essa pessoa "perfeita" que todos procuram. Belos, inteligentes, bem sucedidos e descomplicados. Basta pensar assim: você é tudo isso? Claro que não, ninguém é, e como então podemos querer alguém que seja?
Acredito muito na teoria do Gicovate, aquela velha ladainha de procurar a "cara metade" é uma furada. Temos que ser seres inteiros, a procura de outro ser inteiro. "A gente quer inteiro e não pela metade"!!!
A chance de duas pessoas já felizes, realizadas e desencanadas darem certo é infinitamente superior que esperar que o outro te complete. Jogar todas suas expectativas de felicidade numa pessoa que você nem conheceu ainda. Imagine o fardo que essa criatura já carrega! A missão de te fazer feliz! Como se tendo alguém todos os outros problemas desapareceriam!
Enfim. Se você está sozinho (a) mais um fim de ano e não sabe porque, reveja sua postura, seus valores, mergulhe dentro de você, que com certeza vai achar. Afinal, ninguém é perfeito. E se no meio do caminho você achar outro ser igualmente imperfeito como você, não seja tão rígido, vai que é essa a sua "pessoa errada"!

sábado, 24 de novembro de 2007

Uma piscada e já estamos em Dezembro!

Depois de uma certa idade acho os anos passam mais rápido. Quando crianças não vemos a hora de chegar datas como nosso aniversário, Dia das Crianças e principalmente o Natal.
Férias de fim de ano eram sagradas. Passávamos o verão todo na praia, na casa da tia, da avó...e mesmo se ficássemos na cidade era uma festa! Parques, shoppings, clubes...
Hoje fim de ano não significa necessariamente férias. Trabalhar em dezembro e janeiro, quando boa parte das pessoas estão na praia, é realmente muito cansativo. As horas não passam e o sol entrando dentro de nossas salas até nos deprime. Dias muito bonitos para serem passados enclausurados em nossos trabalhos.
Mas o tempo passa, o tempo vôa...
E esse ano de 2007 então vôou em rítmo supersônico!
Já no começo, carnaval. Mais um pouco, Páscoa.
Chega Julho, já é metade do ano!
Setembro (mês do meu aniversário) anuncia que o ano já tá acabando.
Outubro. Feriado de Finados
Novembro, praticamente nem existiu, de tanto feriado que teve.
E semana que vem...Dezembro. Natal...e acabou.
Pra começar tudo de novo em 2008. Mais um Carnaval, Páscoa....outro aniversário.
E os anos passam, os anos voam!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Começo me desculpando pela ausência e agradecendo as várias manifestações em favor de meus textos inéditos. É que as coisas por aqui andam bem agitadas. Fim de ano em escola é complicado, ainda mais nesse momento em que eu assumi parte da coordenação. E minha pós já está na fase de começar a apresentar projetos que darão origem às monografias.
Felizmente tem um feriado se aproximando, uma chance de respirar pra ter uma reserva de energia pro resto do ano.
Acho fim de ano complicado, nessa época já estamos cansados, meio em rítmo de férias, festas. A energia vai se acabando aos poucos.
Fui ao shopping hoje e já está totalmente decorado com motivos natalinos, e aquela musiquinha ao fundo. Não sei se sou eu que não tenho o menor espírito natalino, ou esse repertório Noite Feliz já está ultrapassado mesmo. Aquelas com harpas então.....afe.
Enfim, cada um com suas preferências não é?
Fico por aqui. Sei que não é nada digno de um retorno triunfal das profundezas do cotidiano ocupado, mas é uma forma de dizer Olá, ainda estou por aqui.

Bom feriado a todos!!!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem noódio vocês combinam. Então?Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem amenor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você amaeste cara?Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucurapor computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.
Arnaldo Jabor

sexta-feira, 19 de outubro de 2007


Para se preparar para o fim de semana, fiquem com o lado poetisa da grande Lia Luft.


“Não sou areia”.
Onde se desenha um par de asas
Ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
Nas marés do mundo,
Em cada praia renascendo outra
Sou a orelha encostada na concha
Da vida, sou construção e desmoronamento,
Servo e senhor, e sou
Mistério”.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Li recentemente uma matéria publicada no Yahoo noticias que me fez pensar. Uma pesquisa britânica fez a seguinte pergunta pra um grupo de entrevistados: O que você faria se soubesse que um asteróide iria se colidir com a Terra em 60 minutos?
A maioria, 54% passaria seus últimos momentos com parentes e amigos, nem que fosse ao telefone. 13% esperaria o inevitável tomando uma champagne. Apenas 3% rezaria.
Isso me fez pensar no que eu faria.
Eu fui mais além nessa pergunta, estiquei o tempo em um mês. Daí sim eu teria tempo para realizar alguma coisa.
. A primeira coisa que eu faria seria vender meu carro e visitar os lugares da minha lista que ainda não conheço. Polônia, Holanda, Irlanda, Praga, Viena e reveria outros que guardo comigo no coração. Faria isso em uns dez dias, sozinha, para refletir, me preparar. Tentaria nesse período preparar minha alma vendo as boas coisas que o homem fez. E levar comigo a fé de que a humanidade fez algumas coisas boas. A Monalisa, o Coliseu, a Pietà, a Capela Sistina.
Ao voltar, passaria o tempo restante ao lado dos que eu amo. Parentes, amigos. Procuraria algumas pessoas que acho que magoei, para pedir perdão.
Diria Eu te amo. Em apenas uma hora acho que não teria tempo suficiente pra dizer a todas as pessoas que eu amo, que eu as amo. Mas tentaria dizer ao maior número possível.
Acho que ficaria ansiosa em saber finalmente como é a tal “passagem”. Se o que leio nos livros espíritas desde a adolescência é mesmo verdade. Rever meus avós, tios, pessoas amadas que já se foram.
Festejaria.
Abraçaria.
Beijaria.
Comemoraria a minha existência nesse plano, cada dia, cada minuto, porque valeu a pena.
E vocês?












segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Que me desculpem as feias, mas...




Nada mais me choca em relação a busca da perfeição física, a vaidade, principamente a feminina. Vivemos em uma sociedade que preza a beleza a seu extremo. Anúncios de emprego pedem: "pessoas de boa aparência". O que significa nas entrelinhas: "Se você for gordo(a), feio(a), nem precisa se dar ao trabalho de nos procurar!".
A indústria da beleza, centros estéticos, cirurgiões plásticos, não têm nada a reclamar. Os negócios vão bem, obrigado! Lí há algum tempo, na Época (não tenho certeza) que muitos médicos de especialidades diversas, estão migrando para a área da beleza. A pessoa que está aplicando seu botox, pode ter especialização em cirurgia do aparelho digestivo.
Alguns procedimentos até são necessários, não sou radical a ponto de dizer que apenas a beleza interior deve ser cultivada, eu mesma confesso destinar parte do meu orçamento a cremes e afins e uma lipo está em meus planos futuros. Não acho legal a pessoa vestir a personagem de intelectual e achar que isso basta. Tem gente que até pode achar apenas isso atraente, mas vivemos numa sociedade de consumo, na América Latina, uma das regiões onde mais se preza a beleza (visto que nossas misses e top models estão sempre em evidência)
Porém algumas pessoas exageram. Mulheres magérrimas que fazem lipo, narizes perfeitos que são modificados, papadas invisíveis que são removidas. Sem falar em meninas de 25 anos aplicando botox e de 15 turbinand0-se com diversos miligramas de silicone. Ví hoje uma "modelo" brasileira que está fazendo sucesso nos EUA, onde mora com o marido americano, justamente por carregar o título de uma das mais (se não for a mais) siliconada das Américas. Algo em torno dos 1.000 ml. Isso é, ela carrega um litro de Coca-Cola em cada seio! E pretende pôr mais! Isso traz muitos problemas, pra coluna principalmente. Mas vivemos em um mundo onde a saúde vem depois da beleza. Até mesmo as academias, que deveriam ser templos da saúde, viraram apenas responsáveis por modelar corpos e bombar os garotões.
Acho que regime, atividades físicas são em primeiro lugar uma maneira de buscar saúde, vitalidade e qualidade de vida. É lá que jogamos nosso estress e recarregamos baterias.
Mas o conceito de beleza muda muito. É só olharmos pra trás. Na Renascênça bonitos eram os roliços, as mulheres com formas generosas e homens barrigudos. Isso porque numa época de comida escassa, quem estava acima do peso eram os burgueses emergentes detentores das novas fortunas. Não perdiam tempo trabalhando. Logo, não gastavam suas calorias. Assim como as pessoas branquinhas, que não trabalhavam em plantações, não tinham suas peles queimadas pelo sol.Esse conceito de magreza começou nos anos sessenta com a inglesa Twiggy. E de lá pra cá é o aceitado pela sociedade.
Me lembro que quando eu era criança quando os mas velhos viam alguém fortinho logo iam dizendo: "Tá gorda, bonita, com saúde". Hoje sabe-se que a gordura é a principal razão de diversas doenças como diabetes, pressão alta, colesterol, consequentemente os responsáveis pelos ataques cardíacos. Mas existe o outro lado da moeda, a anorexia, a bulimia e suas consequências gravíssimas, problemas nos ossos, no estômago, queda de cabelo, e interrupção da mestruação. Acho que a principal exemplo nessa categoria é Victoria Beckam.
As meninas que cresceram brincando de Barbie a tem como um modelo de beleza, acreditem ou não. Mas a Barbie se fosse de carne e osso seria magra demais pra mestruar, não conseguiria viver com o IMC (índice de massa corporal, peso dividido por altura ao quadrado, sendo que o saudável é entre 20 e 25) que provavelmente teria.
Eu não sei até que ponto vale a pena. Mas todas as mulheres são de certa forma vítimas da beleza. Eu assumo ser uma delas, mas tenho meus limites. E creio que tudo que é demais é prejudicial. Devemos achar um termo saudável e que nos traga beneficios. Porque querendo ou não, como dizia o poeta, beleza é fundamental!

Agora me despeço pois irei almoçar minha alface antes de passar a tarde na academia!! =)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Passeios pelas ruas da memória


A região do Largo da Ordem é o coração do setor histórico de Curitiba desde 1971. É o local onde muitos moradores da cidade se encontram e revivem suas lembranças. São casas, prédios, igrejas, que juntos formam uma coleção responsável por manter a memória da cidade no imaginário coletivo. Essas memórias são acessadas com a seleção e a incorporação das lembranças mais importantes para cada um.
O Largo da Ordem, assim como outros centros históricos de diferentes cidades, é um centro de preservação da memória. Uma biblioteca da história de Curitiba e um centro de divulgação de conhecimento. Não por acaso é lá que está Fundação Cultural de Curitiba, parte do acervo do Museu Paranaense, galerias e escolas de arte e antiquários. Como parte desse acervo histórico está disponível a visitação gratuita, é um símbolo de conhecimento democrático e acessível a todos.
Pra mim esse pedaço da cidade sempre teve um valor especial, muitas experiências estão associadas a ele. Os lugares freqüentados na adolescência, a feirinha onde levei amigos vindos de fora, os bares de hoje. Enfim, é um elemento significativo do meu acervo pessoal.
No passeio com os colegas revi a casa que abrigou a primeira festa que fui, aos quinze anos, o bar onde mais tarde fui com meu primeiro namorado, e outro que costumava freqüentar com colegas de faculdade. Todos hoje fechados. São lugares da memória, cheios de signos.
A comunicação e o conhecimento estão em cada tijolo, tinta, pedras e na arquitetura antiga das casas, que nos remetem ao passado. Pois mesmo sem termos vivido na época do auge daquela região nossos conhecimentos anteriores, a enciclopédia segundo Eco, nos permite associações diversas. Outras pessoas presentes ao passeio tinham memórias parecidas, o que mostra que possuímos um acervo coletivo com relação a um ponto antigo da cidade, que faz parte da história de todos. No entanto, alguns dos presentes não eram de Curitiba, o que deu ao velho Largo uma outra cara. Passear pelas ruas do centro da cidade tendo ao lado uma pessoa que a via pela primeira vez, ou que morava na cidade há pouco tempo, foi algo muito interessante.

Cada um tinha seu próprio universo de expectativas, e eram diferentes dentre os que tinham ou não familiaridade com a paisagem.
Explicar a cidade vista através dos meus olhos, baseado em meus acervos pessoais, à outra pessoa, me fez ver coisas que eu nunca tinha percebido como o uso repetido de cores como o amarelo e o vermelho, detalhes de algumas construções, o marco zero da cidade e o busto do Barão do Rio Branco na Praça Generoso Marques.
A esse visitante não-curitibano, o acervo, a impressão que tinham da cidade, era a daquela Curitiba cidade de primeiro mundo, limpa, sem lixo nas ruas. Mas ao verem no centro da cidade mendigos, crianças de ruas e lixo, ficaram espantados. O lado da cidade que não aparece nas publicidades institucionais não fazia parte de seu imaginário, era algo novo. Contrariando seus universos de expectativa.
Nesse passeio, através das conversas e das observações entre colegas, pudemos reviver o passado, através da seleção que cada um fez de suas próprias memórias. Tivemos a oportunidade de compará-las no exercício final, já em sala de aula quando conversamos sobre as impressões que tivemos do passeio para podermos montar uma maquete. Foi possível observar os pontos comuns à observação de todos, aqueles que fazem parte da memória e da seleção coletivas e os particulares, visto sobre a ótica de cada um.
Mesmo sem perceber fazemos uso de nossos acervos a todo o momento. Cada passeio, leitura, filme que vemos, traz de volta a memória dos anteriores. Quando visitamos uma cidade ou revemos nossas próprias, usamos tudo o que sabemos sobre aquele espaço. Nossa memória é nossa biblioteca, a qual recorremos sempre que queremos resgatar, consultar nosso acervo particular. E também o estamos sempre atualizando, com novas idéias, impressões, como livros novos colocados nas estantes.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Bivolt




De onde vem essa tristeza no seu olhar?
Você sorri, mas seus olhos te entregam.
Você sorri, quando está chorando por dentro com vontade de gritar.
Quando te perguntam "olá, tudo bem?" e você responde " ótima! "
(tirando a dor e a tristeza que me consomem, os pensamentos negativos, a vontade de gritar, de sumir)
"sim, bem e você?".
Difícil a tua vida de viver entre dois mundos, o seu e o que você tem que mostrar aos outros.
Difícil ter que sorrir.
Difícil ter que agradar.
Alguns dias 110v, outros 220v.
Alguns dias ama, outros odeia.
Alguns dias sorri, outros chora.
Alguns dias diz a verdade, outros mente.
Alguns dias...
"Você tem que lutar, você tem que ser forte, você tem que olhar quem está ao seu redor e está bem pior que você. Os que não têm apoio da família, não tem condições nem bons médicos"
Você tem....você tem....
"Pare de reclamar, olhe ao seu redor: fome, pobreza, crianças pedindo nos sinais."
"Pessoas que não têm oportunidades."
Você tem!
Você tem....dor, angústia, medo...
De não conseguir, de desistir, de se entregar.
"Você tem de lutar!"
Você tem....você tem....
Culpa.
Vergonha.
Impotência.
Vácuo x .Mania.
Silêncio x Exaltação.
Bipolaridade.
Você tem.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Os opostos se atraem?


Quando pequena costumava ouvir que um relacionamento duradouro era mais possível entre pessoas afins com interesses comuns. Depois, já na adolescência, que a lei da Física de que os opostos se atraem, pode sim ser aplicada às nossas vidas pessoais. na prática, quando adolescente me apaixonei por tipos bem diferentes de mim. Eu que sempre fui estudiosa, que aos 17 fazia aulas de alemão, italiano e inglês, me envolvida com rapazes/meninos que não davam tanta importância ao estudo. Foi assim com meu primeiro namorado, que era "roadie" de banda! Com outro, baterista, que queria fazer sucesso a todo custo. Isso me causou uma certa decepção.
Tempos depois, mais adulta e mais calejada, resolví dar bola aos meus "iguais". Surgiu um militar rígido e ciumento e um italiano, calouro em psicologia na Universidade de Pádova (chiquerríma!), que resolveu que eu seria sua "cobaia de análises" nos quatro anos que se seguiriam....Impossibile!
Toda essa história recente me fez pensar sobre essa questão da tal "pessoa certa", ideal. Será que nós não idealizamos essa pessoa? Será que não perdemos chances de sermos felizes por estarmos bitolados à certos ideais?
Cheguei à conclusão que sim, e resolvi tirar um tempo pra mim e fiquei dois anos sem relacionamentos sérios. Foi a época de análises e reflexões, além de muita...muita observação. Estava então procurando pela "pessoa errada".
Sou uma pessoa que gosta de artes, lê muito, sou totalmente da área de humanas. O que fazer então quando surge uma pessoa bem oposta? Que diz que não gosta de ler, não gosta de teatro, toca de banda (mais um!) e punk ainda por cima!
Vou dizer o que fiz: despi-me de todo o preconceito que eu tinha de querer encontrar um cara com gostos parecidos, porém com personalidade própria e encarei essa pessoa que se mostrou fantástica. Um estatístico, descolado, que gosta de hardcore. E querem saber? Esse "erradinho" foi a melhor coisa que me aconteceu. É uma pessoa que me faz crescer, pensar e me interessar pois coisas além do ideal.
Estimulo então, vocês a procurarem a "pessoa errada", que pode justamente ser a pessoa ideal pra você, porque acrescenta à sua vida e bagagem coisas diferentes.
Pra mim os opostos de atraem sim!
E parece que não sou a única a pensar assim.

A Pessoa Errada
"Pensando bem, em tudo o que a gente vê e vivência, e ouve e pensa,não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é, na verdade,a pessoa errada. Porque a pessoa certa faz tudo certinho. Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas. Aí é a hora de procurar a pessoa errada.A pessoa errada te faz perder a cabeça.Fazer loucuras.Perder a hora.Morrer de amor.A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar. Que é pra na hora que vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira.A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.Essa pessoa vai tirar seu sono, mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível. Essa pessoa talvez te magoe, e depois te enche de mimos pedindo seu perdão. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você. Vai estar o tempo todo pensando em você. A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo. Porque a vida não é certa.Nada aqui é certo.O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando,agindo, querendo, conseguindo.E só assim é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz:"Graças a Deus deu tudo certo",quando na verdade tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...."
Luis Fernando Veríssimo

sábado, 22 de setembro de 2007

Sábado, 18:48.
Dor de cabeça.
Gripe se despedindo depois de alguns dias.
Ainda sem inspiração - sorry!
Esse blog é coisa recente e feliz com a repercussão que está tendo, as visitas, os comentários, sou grata à todos vocês.
Pessoas que eu nunca vi - e provavelmente nunca verei - que perdem alguns minutinhos de suas vidas ocupadas para ler o que eu posto aqui. É uma coisa realmente incrível.
Estamos afastados por muitos kilometros, ou alguns de vocês são até meus vizinhos, mas é através dessa invenção incrível que nos encontramos.
A Internet me trouxe alguns bons amigos, me reaproximou de pessoas queridas e me ajudam a manter contato com quem tá longe. E me trouxe esse blog, e vocês - é claro!
Mais uma vez obrigada!
bom fim de semana!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Máscaras

Para viver em sociedade muitas vezes devemos ser o que não somos, gostar do que não gostamos, dizer o que não acreditamos. Isso não significa cedermos ao gosto comum, ao convencionado, ou perdermos nossa identidade, e sim adotarmos posturas para termos amigos, parceiros, colegas. Enfim, viver em sociedade significa muitas vezes anularmos certos aspectos de nós mesmos. Afinal, não é possível ser honesto, sincero a todo momento, como aquele personagem do Luis Fernando Guimarães, que fala tudo o que pensa. Pessoas assim super-sinceras, radicais, seletivas, estão fadadas à solidão e a rabugentice.
Todos temos nossas máscaras. Pra falar daquele corte de cabelo que não ficou bom em nossa amiga, da namorada nova do amigo, não somos 100% sinceros.
Quando estamos tristes, muitas vezes precisamos colocar nossas máscaras para enfrentarmos o dia, as pessoas, o trabalho. No entanto nem todas as pessoas usam suas máscaras assim, de algumas conhecemos apenas as máscaras e não sua essência real. Mas creio que as máscaras sempre caem. Um dia ou outro aquela pessoa que achamos que é nossa amiga, aquele colega de trabalho sempre solícito, um parente, acabam se revelando.
E quando essas máscaras caem, a verdadeira face é revelada. Uma face que não conhecíamos, ou que não aceitávamos.


* explico minha ausência na última semana devido à total falta de inspiração, pela decepção de uma máscara de longa data que caiu!

sábado, 8 de setembro de 2007

9/9/76

No dia nove de Setembro de 1976, às 16:30 (exatos 31 anos em algumas horas), nascia na Maternidade Nossa Senhora de Fátima, em Curitiba, de parto cesariana, uma menina muito esperada pelos pais, após três anos de tratamentos para infertilidade - EU!
Parece que foi ontem..., como diz minha mãe।
E como esse ontem passou rápido, pra mim também.
...foi ontem que eu acordava cedo pra ir pro Colégio Bom Jesus e passava o dia inteiro no meio das freiras, e já aos sete ou oito anos questionava seus ensinamentos religiosos.
...aos nove implorava pra meus pais me matricularem no curso de inglês na escola FISK, única de Campo Largo (cidade a 30 km de Curitiba), mal sabiam eles que vinte anos depois eu me tornaria professora de uma escola FISK e conheceria o seu fundador pessoalmente.
...aos catorze me mudo com meus pais pra Curitiba (episódio esse que considero um dos mais importantes da minha vida!!) e comecei a estudar no Colégio Positivo, saindo de uma escola pequena com 20 alunos por turma e indo pra uma com 100.
...aos quinze tomei a primeira sábia decisão: troquei a pomposa festa de 15 anos por uma viagem pra Inglaterra, onde passei um mês sozinha -sem dúvida o grande divisor de águas da minha vida.
...aos dezessete passei no vestibular de História :)
...aos dezenove tranquei a faculdade de História :(
...a primeira paixão aos vinte e um
...a primeira decepção aos vinte e três
...me formei em jornalismo aos vinte e quatro sem ser um grande destaque na turma, mas ouvi emocionada meu Paraninfo me dizer: "me prometa que nunca parará de escrever"
(promessa essa que eu quebrei, e retomei justamente esse ano, ao revê-lo)
...nasci de novo aos vinte e oito, reaprendi muitas coisas, tomei consciência de muitas outras e que não tinha perdido o trem...o meu estava apenas atrasado, mas viria.
Aprendi acima de tudo a importância dos amigos, do auto conhecimento, da paciência, da espera,da maturidade.
Essa maturidade aliás, não vem necessariamente com a idade, mas com as decisões que você toma e o esforço disposto a fazer pra torná-las realidade.
Olho pra trás e vejo trinta e um anos de aprendizado, e é isso que quero pro meu futuro: mais aprendizado. Sobre mim, o mundo, os outros. Pois só assim atingimos nossa plenitude.
Vejo erros, acertos...vejo VIDA.
O resultado desse mergulho dentro de mim, os frutos da minha evolução, saberemos daqui outros trinta e um anos, quando serei uma charmosa, plastificada, estilosa e bem humorada senhora de sessenta e um anos.

Que assim seja!


Feliz Aniversário para mim!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Paixões humanas

Se existe uma pessoa que escreve com sobriedade, sensibilidade e conhecimento é Lia Luft! Uma escritora que conheci ha pouco tempo mas admiro muito. Hoje (05/09) estava tendo uma conversa com uma pessoa querida sobre sentimentos. Coincidentemente algumas horas depois me deparei com esse delicioso e belíssimo texto dela que fala justamente sobre isso: as Paixões Humanas.

"Certo dia as Paixões humanas se reuniram para brincar. Depois que o Tédio bocejou três vezes porque a Indecisão não chegava à conclusão nenhuma e a Desconfiança estava tomando conta de todos, a Loucura propôs que brincassem de esconde-esconde. A Curiosidade quis saber todos os detalhes do jogo, e a Intriga começou a cochichar com os outros, dizendo que certamente alguém iria trapacear.
O Entusiasmo saltou de contentamento e convenceu a Dúvida e a Apatia, ainda sentadas num canto, a entrarem no jogo. A Verdade achou que isso de se esconder não estava com nada, a Arrogância fez cara de desdém, pois a idéia não tinha sido dela, e o Medo preferiu não se arriscar: “Ah, gente, vamos deixar tudo como está”, e como sempre perdeu a oportunidade de ser feliz.
A primeira a se esconder foi a Preguiça, deixando-se cair no chão atrás de uma pedra, ali mesmo onde estava. O Otimismo montou no arco-íris, e a Inveja se ocultou junto com a Hipocrisia, que sorrindo fingidamente atrás de uma árvore estava odiando tudo aquilo.
A Generosidade quase não conseguia se ocultar por que era grande e ainda queria abrigar meio mundo, a Timidez ficou paralisada, pois já estava mais do que escondida em si mesma, a Sensualidade se estendeu ao sol num lugar bonito e secreto para saborear o que a vida lhe oferecia, porque não era nem boba nem fingida.
O Egoísmo achou um lugar perfeito, onde não cabia mais ninguém. A Mentira convidou a Inocência para mergulharem no fundo do oceano, onde acabou afogada, a Paixão meteu-se na cratera de um vulcão ativo, e o Esquecimento já nem sabia o que estavam fazendo ali.
Depois de contar até 99, a Loucura começou a procurar.
Achou um, achou outro, mas ao remexer num arbusto espesso ouviu um gemido: era o Amor, com os olhos furados pelos espinhos. A Loucura o tomou pelo braço e seguiu com ele, espalhando beleza pelo mundo.
Desde então o Amor é cego e a Loucura o acompanha: juntos fazem à vida valer a pena.
Mas isso não é coisa para os queixosos, os pusilânimes e os demais rígidos, ou aqueles para quem a felicidade é um bem proibido por deuses severos."

Reflitam sobre essas belas palavras e decidam em que grupo vocês estão: os rígidos e medrosos demais para encarar as paixões, ou aqueles dispostos a sofrer alguns tropeços, mas por fim andar de braços dados com o Amor e a Loucura?

LUFT, Lia. As Paixões Humanas. IN: Em outras palavras. São Paulo: Record, 2006. p69

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

(In)Justiça Brasileira

Os que frequentam esse blog, devem ter percebido que minha opção por tê-lo é para escrever sobre assuntos que realmente gosto, fazer as pessoas refletirem sobre assuntos que muitas vezes passam batido. Ao contrário de muitos, não escrevo sobre política, economia ou atualidades. Não exteriorizo minha indignação, deixo pra vocês que escrevem tão bem sobre o assunto. Mas hoje farei uma exceção . Porque estou indignada. Quarta feira da semana passada aconteceu algo que pra mim é uma piada, um episódio que coroa e dá diploma a nossa Justiça de incapacidade e falta de seriedade. A decisão do Ministério Público em manter o assassino Thales Ferri Schoedl no seu cargo de promotor!Ganhando R$10 mil por mês. O jovem promotor, com notória fama de encrenqueiro matou em Dezembro de 2004 um estudante de 20 anos, após uma discussão. O dito cujo alegou que atirou em legítima defesa contra um grupo de pessoas que o ameaçavam e que teriam mexido com sua namorada. Ele até chegou a ser preso, mas (surpresa!) não foi julgado, não ficou preso e se não me engano ficou recebendo sua "merreca" sem trabalhar desde o crime.
Tudo isso é uma grande piada. Creio que muitos entre vocês também estão se sentindo como eu. A casa do promotor foi pichada com os dizeres "Assassino. Justiça. Ministério Público, a vergonha do Brasil", o que mostra a indignação e sentimento de revolta.
É inadmissível.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Dica para o fim de semana...


Chegou sexta-feira! Pra muito não significa que a semana acabou, meu fim de semana começa apenas amanhã às 17 horas, e depois de um dia todo de aulas já estou cansada demais pra fazer alguma coisa! Então meu findis resume-se a domingo só.

Mas para os sortudos entre vocês cujos compromissos acabam hoje às 17 tenho uma dica de programa, pra fazer a dois, a três...a um, porque não, diversão pode ser solitária SIM! Assistam ao filme Paris eu te amo. É um filme belíssimo composto por 21 mini curtas sobre histórias que se passam na capital francesa. Vale mesmo a pena! Aqueles que me conhcem com certeza lembrarão de mim em um deles...Vejam o trailler clicando nesse link http://guia.rpc.com.br/roteiro.phtml?tit=Paris-Te-Amo&rid=4477&cidade=1&tipo=&aba=ci&estab=0


Bom fim de semana à todos, quem vir o filme pode deixar suas impressões aqui!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Amigos, amigos...

Sou uma pessoa rica, pois tenho em minha volta pessoas adoráveis que não me deixam sentir sozinha, triste, deprimida, etc. Tenho amigos (amigas principalmente) que me fazem sentir amada, querida, me fazem rir das situações em que eu normalmente choraria.
Ao contrário de muitas pessoas, não acredito que encontrar a "outra metade" nos faça pessoas melhores, felizes e nunca sozinhas. As pessoas responsáveis por esses sentimentos são os amigos! Pois namorados(as), maridos e esposas têm suas vidas independentes do parceiro, não podemos viver em função de alguém. Não podemos esperar essa pessoa aparecer para sermos felizes.Assim como não podemos abrir mão dos amigos quando essa pessoa aparece, NUNCA! Pois é com eles que sempre podemos contar...inclusive quando um relacionamento acaba.
Estava procurando uns textos no meu computador e achei esse que gosto muito e expressa -em melhores palavras que as minhas, a impotância dos amigos e a escolha deles

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco.Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.Não quero risos previsíveis e nem choros piedosos.Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.Não quero amigos adultos e nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice.Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.TENHO AMIGOS PARA SABER QUEM EU SOU.Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil."
Oscar Wilde

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Coisas que me irritam

Definitivamente tô envelhecendo! Ando me irritando demais e essa rabugentice toda é sinal de uma coisa: tô velha!

Fiz até uma lista pra dividir com vocês, pra ver se sou só eu ou realmente a irritação tá generalizada! Vamos lá...

- fila de banco;

- esperar por horas pra ser atendida no call center e ser passada de setor a setor e ter que repetir todas as informações;

- a liguagem "gerúdio" dos atendentes (ex:estarei passando para o responsável...). Gente...na língua protuguesa não existe Present Perfect!;

- ligar no celular de alguém e estar desligado;

- ligar pra casa de alguém e ser atendida pela secretária eletrônica;

- receber torpedos da TIM;

- aquele toque de celular característico da NOKIA;

- venderores de bala e malabaristas no sinal;

- receber pelo correio cartões de crédito que eu não pedi;

- ouvir dos alunos: "dá pra fazer a lápis" e "é pra entregar?";

- tirar saldo e ver que nunca tenho o suficiente;

- o preço da gasolina;

- a visita do Lula a Curitiba;

- o próprio Lula;

- ter que gastar uma grana no conserto do lap top porque peguei vírus;

- não achar nada na TV pra assistir;

- a falta de opções de programas pra fazer em Curitiba;

- ver que a peça que quero ver sai de cartaz hoje;

- que o filme que eu tava adiando pra ver já saiu dos cinemas;

- emails de corrente;

- email religiosos;

- a pacividade do povo brasileiro;

- gente que se indigna, mas sempre dão aquele "jeitinho brasileiro";

- papo de jornalista revoltado;

- ver em todos os noticiários 90% de notícias sobre corrupção, violência e caos aéreo;

- ver os outros 10% de banalidades;

e principalemente: ir até minha garagem e ver que meu rádio foi roubado (de novo!)

Acho que algumas irritam vocês também. E se tiverem outras pra acrescentar a lista, por favor escrevam!

Bom fim de semana a todos e vamos tentar não nos irritar - tanto!



segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O que se esconde por trás dos ditados populares







Tempos atrás fiz um trabalho pra minha pós que rendeu muito que falar!
Em um dos módulos eu precisava escrever algo que tivesse certa “investigação”, ou seja, uma mensagem escondida, fosse em textos, em comerciais de TV etc. Depois de muito pensar em busca de uma idéia autêntica escrevi um texto sobre um assunto que poucas pessoas se tocam, o racismo escondido que temos em nosso país.
Moramos num país racista ou o Brasil é o paraíso inter-racial? Quando você chama um amigo de “negão” será que ele gosta ou se ofende? Vocês já pararam pra pensar em quantas expressões, ditados populares e músicas existem que diminuem o negro? Eu nunca tinha pensado nisso, até que tive um estalo e fiz esse texto.
Tenho certeza que todos vocês ouvem essas expressões desde pequenos e já as usaram sem pudor nenhum. Algumas delas tiveram origem no Brasil colônia. Quando eu era criança ouvia muito, minha família de origem alemã, italiana e polonesa, sempre usava alguma dessa pérolas! Principalmente minha avó que dizia que os amigos negros dos meus pais eram “pretos de alma branca”, ou seja, sugere que o negro pra ser aceito, pra ter qualidades deve portar-se como o branco. O negro “preto de alma branca” é tolerado, é uma exceção pois nega sua própria alma e aceita a superioridade do branco. Assim como o seu oposto “branco de alma negra” é usado para pessoas brancas que se portam mal, ou seja, se portam como “negros”, ditos inferiores e desonestos.
Porém quando esses mesmos amigos faziam algo errado, tinham feito um “serviço de preto” ou sua variante: “só podia ser preto”. Esse ditado nasceu da crença de que os negros eram incapazes de realizar bem uma tarefa, de fazer um bom trabalho de tal maneira que fosse “digna de um branco”. Outra expressão sobre a “incapacidade” do negro é: “preto quando não suja na entrada suja na saída”. Imaginava-se que o escravo acabaria fazendo algo errado, devido a sua “incompetência”, por ser “inferior” ou “preguiçoso”. E também por serem considerados sujos, até mesmo devido às condições em que viviam. Então o seu erro era esperado antes ou depois de terminar sua tarefa. E quem nunca fez um trabalho “nas coxas”? Esse também é um ditado de origem colonial e é usado para designar um trabalho imperfeito ou sem cuidado. Imperfeitas como as telhas de formas arredondadas das casas do Brasil colonial que, para fabricá-las, os escravos tinham que modelá-las em suas coxas, para dar um formato de canal. Como ficavam irregulares e pouco uniformes, o telhado ficava torto e mal feito.
Existem algumas que são mais recentes e nasceram depois da abolição. Após conseguirem suas alforrias, os negros continuavam a trabalhar para os brancos, mas nem todos conseguiam trabalho e algumas vezes viam, nos pequenos furtos, uma maneira de sobrevivência. É dessa época o ditado “Um negro parado é suspeito, um negro correndo é ladrão”.
A maioria dos brancos estranha quando vê um negro freqüentando o mesmo shopping, a mesma escola particular dos filhos, o mesmo clube, e até mesmo que eles usem o elevador social. "Preto não pode entrar na gaiola”, ou seja, para os brancos racistas, os negros não podem pertencer ao grupo seleto de brancos ricos, capazes e trabalhadores, pois são social e intelectualmente inferiores, incapazes.
E não podemos esquecer daquela que na minha opinião é a campeã, uma das mais usadas, pelo menos a que eu mais ouço: “eles que são brancos que se entendam”. A versão mais aceita do surgimento desse ditado é do século XVIII, quando um capitão de regimento, mulato, teve uma discussão com um de seus comandados, também mulato, e fez queixa a seu superior, um oficial português branco. O capitão reivindicava uma punição ao soldado que o desrespeitara. Seu superior português respondeu com a seguinte frase “vocês que são pardos que se entendam”. O oficial recorreu ao vice-rei do Brasil na época, dom Luís de Vasconcelos, que mandou prender o oficial português. Sendo essa uma das primeiras punições contra o racismo no Brasil. Ao longo do tempo a expressão se transformou no que é usada hoje “eles que são brancos que se entendam”, quando alguém não quer tomar partido em alguma situação.
Pode ser herança colonial, ingenuidade, mas essa é uma forma velada de racismo. É claro que todos nós já usamos algumas e isso não faz de nós pessoas racistas. Esses ditados populares estão tão enraizados em nossa cultura que é impossível não ouví-las e às vezes usá-las. Eu sou loira, de olhos verdes, nunca fui discriminada na vida, o máximo que já falaram pra mim foi “polaca azeda”, mas vocês conseguem imaginar como ouvir umas dessas expressões pode magoar?


Para ler mais sobre o assunto:


SARTRE, Jean Paul. Reflexões sobre o Racismo.
PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira. Metáforas Negras
DEGLER, Carl. Nem preto nem branco
SCHWARTZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças
FREYRE, Gilberto . Casa Grande e Senzala
MOTT, Maria Lúcia Barros. Submissão e resistência, a mulher na luta contra a escravidão

sábado, 18 de agosto de 2007

Álbum de fotografias



Essa semana peguei uns álbuns de fotografias antigos e fiz uma deliciosa viagem no tempo! Revi pessoas que já se foram, casas onde já morei, roupas e cortes de cabelo que me envergonho de ter usado.
Esse tipo de incursão a nossa história é sempre emocionante. Ao me ver criança tentei imaginar o que aquela sorridente menininha de 4 anos gostava, o que a de 15 imaginava como seria sua vida aos 30, e os sonhos.
Lí em alguns blogs ontem alguns posts também nostálgicos (acho que essa semana foi de introspecção pra muita gente!)
Como cheguei a comentar em um deles, somos fruto de nossas escolhas, boas ou ruins, certas ou erradas.Mas também acho que nunca é tarde para tomarmos as rédeas de nossas vidas. Tenho um exemplo bem próxímo: meu pai. Formado em Ciências Contábeis em 1977, sempre teve o sonho de estudar Direito. Fez vestibular em 2003, e passou na Direito de Curitiba! Foi atrás se seu sonho, é um dos melhores da turma e se forma ano que vem.
Não interessa o rumo que nossa vida tomou, podemos escolher sempre outro caminho quando chegamos na encruzilhada. Temos que ter coragem, determinação e acima de tudo aprender com nossos erros passados.


Bom fim de semana à todos!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Você fala português?


Quando alguém começa a estudar uma língua estrangeira, se assusta por tudo o que ainda tem pela frente. Regras gramaticais, pronúncia e principalmente vocabulário, pois sem palavras não se fala, certo?

Mesmo no português é a qualidade do vocabulário que denuncia o nível escolar e social da pessoa. Isso também acontece no inglês, como é possível ver no filme My Fair Lady, onde Audrey Hepburn é uma florista que aprende a falar corretamente, devido a uma aposta em que o professor de linguística garante que qualquer pessoa pode aprender a forma culta da língua e se passar por um aristocrata.

Em nosso país, mesmo com o acesso a tanta informação em rádio, Tv, veículos acessíveis a 90% da população, é incrível como se fala errado! Mesmo entre pessoas com nível universitário. Daí quando essas pessoas se rendem a necessidade do estudo de uma língua estrangeira, acham que vai ser muito difícil e algumas desistem no meio do caminho. Mas e nossa língua-mãe, será que falamos mesmo? Será que temos domínio de nosso idioma nacional? Se você acha que sim, todos os brasileiros falam português, leia o texto abaixo do grande Rui Barbosa:

"Contam que um ladrão foi roubar galinha na casa do célebre Rui Barbosa. Ao vê-lo, o ilustre jurista começou um discurso:

- Não é pelo bico de bípede, nem pelo valor intrínseco do galináceo, mas por ousares transpor os umbrais de minha residência. Se for por mera ignorância, perdôo-te, mas se for para abusar de minha alta prosopopéia, juro pelos tacões metabólicos dos meus calçados que te darei tamanha bordoada que transformarei sua massa cefálica em cinzas cadavéricas. O ladrão sem graça, perguntou :

- Como é, “ Seu Rui “ eu posso levar a galinha ou não ?


Então, falamos todos o mesmo português?

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

e tudo começou com a Mônica...



Eu convivo muito com adolescentes (por ser professora) e eles sempre me surpreendem. Às vezes de maneira positiva, outras nem tanto. Como quando um aluno meu de uns 13 anos no máximo me disse que nunca (NUNCA!) tinha lido um livro do começo ao fim! Até os livros de leitura obrigatória na escola, ele começava a ler e depois pegava um resumo - na Internet!!!!
Aí ficam algumas questões, entre elas de como a Internet tá afetando os mais jovens. Principalmente seus hábitos de leitura. Quando eu era criança - no início do anos 80 quando a Internet não era nem projeto, eu colecionava gibis da Turma da Mônica, antes de aprender a ler. Mas foi esse o início da minha "carreira" de leitora. Um começo bem modesto, que depois dos gibis foi evoluindo pra livros mais fáceis (na época da alfabetização). Me lembro como se fosse ontem (que frase de velho!!!) de quando ganhei dos meus pais uma coleção de fábulas. Eram cindo livros grandes, com encadernações coloridas que no começo mais me chamavam a atenção pelas imagens do que pelo conteúdo. Como eu não sabia ler ainda, quem os lia pra mim era minha avó, uma senhora de pouco estudo, mas que sempre leu.
Isso já faz tanto tempo e está tão enraizado na minha vida, que muitos livros depois, eu não me lembro se em algum momento a leitura foi incentivada ou a curiosidade partiu de mim. Mas lembro que das figuras para as palavras a transição foi fascinante. Assim como quando eu comecei a ler em outras línguas, a sensação foi a mesma, de decifrar códigos secretos que me levariam a outros universos. E o desinteresse das crianças/adolescentes (e muitos adultos) me deixa extremamente triste. Por que essa geração que tá crescendo na época da Internet não têm o mesmo contato com o "papel" como eu e você. Nunca foram fazer trabalho escolar (manuscrito!) na Biblioteca Pública (nunca entraram lá!!).Entram na FNAC e vão direto na sessão de jogos. Lembram dos escritores com certo ranço, porque são obrigados a ler Érico Veríssimo, Clarice Lispector e Machado de Assis na escola e tudo o que é feito por obrigação gera certa repulsa na idade adulta. Eu não sei como esses professores de português/literatura trabalham isso em sala, se ainda usam aquelas famigeradas "fichas de leitura", mas tudo começa na infância, é esse primeiro contato com a literatura que vai criar (ou não) um futuro leitor.
E a Internet pode sim, ser usada como aliada e não vilã. É possível aliar o papel ao virtual.
Nesse semestre eu tenho um projeto audacioso. Vou propor aos meus alunos a leitura de um livro, escolhido por eles, sobre o tema que eles quiserem e em inglês! É a minha contribuição para a formação de leitores conscientes. Vamos ver no que vai dar! Eles vão chiar - é claro! Mas o resultado vai ser legal - ou decepcionante!

sábado, 4 de agosto de 2007

reflexões de Alberto Manguel sobre o tema


"o leitor ideal é o escritor no instante anterior à escrita. o leitor ideal não reconstroi um texto: recria-o. o leitor ideal tem uma capacidade ilimitada de esquecimento. o leitor ideal não se interessa pelos escritos de michel houllebecq. o leitor ideal sabe aquilo que o escritor só intui. o leitor ideal subverte o texto. o leitor ideal não se fia na palavra do escritor. o leitor ideal procede por acumulação: cada vez que lê um texto, agrega um nova capa de memória ao conto. todo o leitor ideal é um leitor associativo. lê como se todos os livros fossem a obra de um único escritor, prolífico e intemporal. ao fechar um livro, o leitor ideal sente que, se não o tivesse lido, o mundo seria mais pobre. o leitor ideal é como joseph joubert que arrancava dos livros da sua biblioteca as páginas que não gostava. o leitor ideal tem um sentido de humor perverso. o leitor ideal lê como se toda a literatura fosse anônima. o leitor ideal usa com prazer o dicionário. o leitor ideal julga o livro pela sua capa. Paolo e Francesca não eram leitores ideais, já que confessaram a Dante que, depois do primeiro beijo, não leram mais. o leitor ideal tinha dado o beijo e continuava a ler. um amor não exclui o outro. o leitor ideal partilha a ética de Dom Quixote, o desejo de madame Bovary, o espírito aventureiro de Ulisses, a desfaçatez de zazie, enquanto dura a narração. o leitor ideal é politeísta. Robinson não é um leitor ideal. lê a Biblia para encontrar respostas. o leitor ideal lê para encontrar perguntas. todo o livro, bom ou mau, tem o seu leitor ideal. para o leitor ideal, todos os livros são, em certa medida, a sua autobiografia. o leitor ideal tem uma nacionalidade precisa. às vezes um livro deve esperar vários séculos para encontrar o seu leitor ideal. Blake precisou de 150 anos para encontrar Northrop Frye. Pinochet, ao proibir Dom Quixote por temer que o livro pudesse ler-se como uma defesa da desobediência civil, foi o seu leitor ideal. 'há três classes de leitores: a primeira, aqueles que gostam de um livro sem o julgarem; a terceira, aqueles que o julgam sem gostarem dele; a outra, entre as duas, os que julgam apesar de gostarem ou gostam apesar de julgarem. estes últimos dão nova vida a uma obra de arte, e não são muitos' disse Goethe numa carta a Johann Friedrich Rochlitz. os leitores que se suicidaram depois de lerem Werther não eram leitores ideais e apenas meros sentimentais. o leitor ideal deseja chegar ao fim do livro e, ao mesmo tempo, que ele não acabe. o leitor ideal é (ou parece ser) mais inteligente que o escritor. e por isso não o diminui. as boas intenções não fazem leitores ideais. o Marquês de Sade: 'só escrevo para quem pode entender-me, e estes leram-me sem correrem perigo'. o Marquês de Sade enganou-se: o leitor ideal corre sempre perigo. o escritor nunca é o seu próprio leitor ideal. a literatura depende, não de leitores ideais, mas de leitores suficientemente bons."
alberto manguel excertos da crônica 'a pie de página' babelia (el pais), 29.11.2003

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

o mito do leitor ideal


Segundo estudos de alguns estudiosos da teoria da leitura, semiótica e comunicação (dentre eles Umberto Eco), existe dois tipos de leitores que vale a pena ressaltar: o modelo e o empírico. O leitor modelo seria aquele que pudesse "ler" a cabeça do autor quando ele escreveu determinado texto. Tiraria as conclusões certas, faria as relações certas e se assim fosse, um leitor tão ideal, nem precisaria chegar ao fim da leitura pra saber qual seria o fim do texto, pois ele sabe exatamente o que o escritor queria dizer, então ele já saberia o final.
É claro que esse tipo de leitor não existe, o que existe são os leitores como eu e você, ou seja, os leitores empíricos. Esses leitores são os que lêem e interpretam o texto de acordo com seus conhecimentos. Ou seja, você (assim como eu) já se pegou lendo alguma coisa e fazendo mentalmente várias associações - por exemplo, nesse texto têm alguns indicadores, colocados por mim, para uma interpretação do que eu estou querendo dizer. Quem conhece um pouco do assunto (estudantes de Letras, Comunicação, e afins) ou que simplesmente já ouviu falar de Umberto Eco, nem que seja de longe (aquele escritor cujo livro deu origem à aquele filme estrelado pelo Sean Connery) tá conseguindo fazer um tipo de leitura. Pra quem tudo isso tá soando tão claro quanto latim, tá tendo outro tipo.
Na escola, lá no ensino fundamental, nas aulas de português, a professora pedia para lermos alguns livros que vinham com uma série de perguntinhas no final pra gente responder, lembram? Quantas vezes nossas respostas eram totalmente diferentes ao do colega do lado. Aquele amiguinho/a que tinha muito em comum conosco, mas que mesmo assim dava respostas totalmente diferentes. É disso que estou falando, mesmo com aquelas perguntinhas no final (que era a tentativa do autor de fazermos identificar os principais pontos) a gente interpretava de acordo com nosso "universo", nossos conhecimentos.
Em alguns dias postarei algo mais científico sobre essa teoria (pra quem ficou curioso sobre o assunto).
Achei um texto bem legal de um escritor até agora desconhecido pra mim, Virgílio Ferreira, que fala cobre esse utópico leitor modelo, leitor de pensamentos.

“O grande sonho de todo o escritor - se o tiver - será o de nunca encontrar o leitor «ideal». Porque se o encontrasse, a sua obra morreria aí. Cada leitor, com efeito, recria a obra que lê; e a perpetuidade de uma obra significará a sua perpétua recriação. Uma obra é o que é, mais o que dela foram fazendo os seus leitores. Um «leitor» ideal seria o que esgotasse todas as possibilidades dessa obra. Que haveria a fazer dela depois? Mas como conceber mesmo um leitor «ideal»? Pobre é a obra cujas virtualidades o seu autor conhece antecipadamente. Eis porque é banal dizer-se por exemplo que um Sófocles ficaria surpreendido se soubesse o que nós hoje lemos na sua obra. É que essa obra, porque é grande, necessariamente o excedeu.”

sexta-feira, 13 de julho de 2007

"Seis passeios pelos bosques da ficção"

Começo esse blog hoje (13 de julho de 2007) Dia Internacional do Rock!!! Mas não é disso que pretendo tratar -pelo menos não é a idéia inicial, apesar de ser uma fiel ouvinte desse rítmo e estar escrevendo justamente ouvindo AC DC. Criei esse espaço para publicar textos produzidos por mim apresentados no curso de Pós-graduação que faço - Leitura de Múltiplas Linguagens da Comunicação e da Arte e algumas das matérias free lance que escrevo para jornais de Curitiba e Região Metropolitana.
Sou jornalista de formação, professora de inglês por opção, apaixonada pela língua inglesa e sua literatura.
Minha paixão por bons textos -não só os ingleses, explicam o título desse meu blog "Seis passeios pelos bosques da ficção" que é um livro do grande escritor, filósofo, semiótico e teórico da literatura Umberto Eco. É dele a maioria da base de meus estudos e teorias usadas, que pretendo levar adiante e quem sabe, com muito empenho e estudo, chegar a um Mestrado sobre esse assunto que amo tanto.
Conto com os também adeptos desses estudos, simpatizantes ou curiosos que estejam dispostos a passar um tempinho lendo os textos que posto aqui.
Convido vocês para me acompaharem nesses passeios pelos bosques!
Fábia Carla Rossoni