sexta-feira, 19 de outubro de 2007


Para se preparar para o fim de semana, fiquem com o lado poetisa da grande Lia Luft.


“Não sou areia”.
Onde se desenha um par de asas
Ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
Nas marés do mundo,
Em cada praia renascendo outra
Sou a orelha encostada na concha
Da vida, sou construção e desmoronamento,
Servo e senhor, e sou
Mistério”.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Li recentemente uma matéria publicada no Yahoo noticias que me fez pensar. Uma pesquisa britânica fez a seguinte pergunta pra um grupo de entrevistados: O que você faria se soubesse que um asteróide iria se colidir com a Terra em 60 minutos?
A maioria, 54% passaria seus últimos momentos com parentes e amigos, nem que fosse ao telefone. 13% esperaria o inevitável tomando uma champagne. Apenas 3% rezaria.
Isso me fez pensar no que eu faria.
Eu fui mais além nessa pergunta, estiquei o tempo em um mês. Daí sim eu teria tempo para realizar alguma coisa.
. A primeira coisa que eu faria seria vender meu carro e visitar os lugares da minha lista que ainda não conheço. Polônia, Holanda, Irlanda, Praga, Viena e reveria outros que guardo comigo no coração. Faria isso em uns dez dias, sozinha, para refletir, me preparar. Tentaria nesse período preparar minha alma vendo as boas coisas que o homem fez. E levar comigo a fé de que a humanidade fez algumas coisas boas. A Monalisa, o Coliseu, a Pietà, a Capela Sistina.
Ao voltar, passaria o tempo restante ao lado dos que eu amo. Parentes, amigos. Procuraria algumas pessoas que acho que magoei, para pedir perdão.
Diria Eu te amo. Em apenas uma hora acho que não teria tempo suficiente pra dizer a todas as pessoas que eu amo, que eu as amo. Mas tentaria dizer ao maior número possível.
Acho que ficaria ansiosa em saber finalmente como é a tal “passagem”. Se o que leio nos livros espíritas desde a adolescência é mesmo verdade. Rever meus avós, tios, pessoas amadas que já se foram.
Festejaria.
Abraçaria.
Beijaria.
Comemoraria a minha existência nesse plano, cada dia, cada minuto, porque valeu a pena.
E vocês?












segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Que me desculpem as feias, mas...




Nada mais me choca em relação a busca da perfeição física, a vaidade, principamente a feminina. Vivemos em uma sociedade que preza a beleza a seu extremo. Anúncios de emprego pedem: "pessoas de boa aparência". O que significa nas entrelinhas: "Se você for gordo(a), feio(a), nem precisa se dar ao trabalho de nos procurar!".
A indústria da beleza, centros estéticos, cirurgiões plásticos, não têm nada a reclamar. Os negócios vão bem, obrigado! Lí há algum tempo, na Época (não tenho certeza) que muitos médicos de especialidades diversas, estão migrando para a área da beleza. A pessoa que está aplicando seu botox, pode ter especialização em cirurgia do aparelho digestivo.
Alguns procedimentos até são necessários, não sou radical a ponto de dizer que apenas a beleza interior deve ser cultivada, eu mesma confesso destinar parte do meu orçamento a cremes e afins e uma lipo está em meus planos futuros. Não acho legal a pessoa vestir a personagem de intelectual e achar que isso basta. Tem gente que até pode achar apenas isso atraente, mas vivemos numa sociedade de consumo, na América Latina, uma das regiões onde mais se preza a beleza (visto que nossas misses e top models estão sempre em evidência)
Porém algumas pessoas exageram. Mulheres magérrimas que fazem lipo, narizes perfeitos que são modificados, papadas invisíveis que são removidas. Sem falar em meninas de 25 anos aplicando botox e de 15 turbinand0-se com diversos miligramas de silicone. Ví hoje uma "modelo" brasileira que está fazendo sucesso nos EUA, onde mora com o marido americano, justamente por carregar o título de uma das mais (se não for a mais) siliconada das Américas. Algo em torno dos 1.000 ml. Isso é, ela carrega um litro de Coca-Cola em cada seio! E pretende pôr mais! Isso traz muitos problemas, pra coluna principalmente. Mas vivemos em um mundo onde a saúde vem depois da beleza. Até mesmo as academias, que deveriam ser templos da saúde, viraram apenas responsáveis por modelar corpos e bombar os garotões.
Acho que regime, atividades físicas são em primeiro lugar uma maneira de buscar saúde, vitalidade e qualidade de vida. É lá que jogamos nosso estress e recarregamos baterias.
Mas o conceito de beleza muda muito. É só olharmos pra trás. Na Renascênça bonitos eram os roliços, as mulheres com formas generosas e homens barrigudos. Isso porque numa época de comida escassa, quem estava acima do peso eram os burgueses emergentes detentores das novas fortunas. Não perdiam tempo trabalhando. Logo, não gastavam suas calorias. Assim como as pessoas branquinhas, que não trabalhavam em plantações, não tinham suas peles queimadas pelo sol.Esse conceito de magreza começou nos anos sessenta com a inglesa Twiggy. E de lá pra cá é o aceitado pela sociedade.
Me lembro que quando eu era criança quando os mas velhos viam alguém fortinho logo iam dizendo: "Tá gorda, bonita, com saúde". Hoje sabe-se que a gordura é a principal razão de diversas doenças como diabetes, pressão alta, colesterol, consequentemente os responsáveis pelos ataques cardíacos. Mas existe o outro lado da moeda, a anorexia, a bulimia e suas consequências gravíssimas, problemas nos ossos, no estômago, queda de cabelo, e interrupção da mestruação. Acho que a principal exemplo nessa categoria é Victoria Beckam.
As meninas que cresceram brincando de Barbie a tem como um modelo de beleza, acreditem ou não. Mas a Barbie se fosse de carne e osso seria magra demais pra mestruar, não conseguiria viver com o IMC (índice de massa corporal, peso dividido por altura ao quadrado, sendo que o saudável é entre 20 e 25) que provavelmente teria.
Eu não sei até que ponto vale a pena. Mas todas as mulheres são de certa forma vítimas da beleza. Eu assumo ser uma delas, mas tenho meus limites. E creio que tudo que é demais é prejudicial. Devemos achar um termo saudável e que nos traga beneficios. Porque querendo ou não, como dizia o poeta, beleza é fundamental!

Agora me despeço pois irei almoçar minha alface antes de passar a tarde na academia!! =)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Passeios pelas ruas da memória


A região do Largo da Ordem é o coração do setor histórico de Curitiba desde 1971. É o local onde muitos moradores da cidade se encontram e revivem suas lembranças. São casas, prédios, igrejas, que juntos formam uma coleção responsável por manter a memória da cidade no imaginário coletivo. Essas memórias são acessadas com a seleção e a incorporação das lembranças mais importantes para cada um.
O Largo da Ordem, assim como outros centros históricos de diferentes cidades, é um centro de preservação da memória. Uma biblioteca da história de Curitiba e um centro de divulgação de conhecimento. Não por acaso é lá que está Fundação Cultural de Curitiba, parte do acervo do Museu Paranaense, galerias e escolas de arte e antiquários. Como parte desse acervo histórico está disponível a visitação gratuita, é um símbolo de conhecimento democrático e acessível a todos.
Pra mim esse pedaço da cidade sempre teve um valor especial, muitas experiências estão associadas a ele. Os lugares freqüentados na adolescência, a feirinha onde levei amigos vindos de fora, os bares de hoje. Enfim, é um elemento significativo do meu acervo pessoal.
No passeio com os colegas revi a casa que abrigou a primeira festa que fui, aos quinze anos, o bar onde mais tarde fui com meu primeiro namorado, e outro que costumava freqüentar com colegas de faculdade. Todos hoje fechados. São lugares da memória, cheios de signos.
A comunicação e o conhecimento estão em cada tijolo, tinta, pedras e na arquitetura antiga das casas, que nos remetem ao passado. Pois mesmo sem termos vivido na época do auge daquela região nossos conhecimentos anteriores, a enciclopédia segundo Eco, nos permite associações diversas. Outras pessoas presentes ao passeio tinham memórias parecidas, o que mostra que possuímos um acervo coletivo com relação a um ponto antigo da cidade, que faz parte da história de todos. No entanto, alguns dos presentes não eram de Curitiba, o que deu ao velho Largo uma outra cara. Passear pelas ruas do centro da cidade tendo ao lado uma pessoa que a via pela primeira vez, ou que morava na cidade há pouco tempo, foi algo muito interessante.

Cada um tinha seu próprio universo de expectativas, e eram diferentes dentre os que tinham ou não familiaridade com a paisagem.
Explicar a cidade vista através dos meus olhos, baseado em meus acervos pessoais, à outra pessoa, me fez ver coisas que eu nunca tinha percebido como o uso repetido de cores como o amarelo e o vermelho, detalhes de algumas construções, o marco zero da cidade e o busto do Barão do Rio Branco na Praça Generoso Marques.
A esse visitante não-curitibano, o acervo, a impressão que tinham da cidade, era a daquela Curitiba cidade de primeiro mundo, limpa, sem lixo nas ruas. Mas ao verem no centro da cidade mendigos, crianças de ruas e lixo, ficaram espantados. O lado da cidade que não aparece nas publicidades institucionais não fazia parte de seu imaginário, era algo novo. Contrariando seus universos de expectativa.
Nesse passeio, através das conversas e das observações entre colegas, pudemos reviver o passado, através da seleção que cada um fez de suas próprias memórias. Tivemos a oportunidade de compará-las no exercício final, já em sala de aula quando conversamos sobre as impressões que tivemos do passeio para podermos montar uma maquete. Foi possível observar os pontos comuns à observação de todos, aqueles que fazem parte da memória e da seleção coletivas e os particulares, visto sobre a ótica de cada um.
Mesmo sem perceber fazemos uso de nossos acervos a todo o momento. Cada passeio, leitura, filme que vemos, traz de volta a memória dos anteriores. Quando visitamos uma cidade ou revemos nossas próprias, usamos tudo o que sabemos sobre aquele espaço. Nossa memória é nossa biblioteca, a qual recorremos sempre que queremos resgatar, consultar nosso acervo particular. E também o estamos sempre atualizando, com novas idéias, impressões, como livros novos colocados nas estantes.