quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem noódio vocês combinam. Então?Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem amenor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você amaeste cara?Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucurapor computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.
Arnaldo Jabor

12 comentários:

Fábio Mayer disse...

Bem, o texto do Arnaldo Jabor é sempre irretocável (embora eu sinta que ele usa ghost writer, sei lá, impressão minha, ele parece mais ator que escritor).

Mas não acredito nesse conceito de amor empático que ele explicou, porque isso, não é amor, é atração, paixão ou coisa parecida, mas não amor.

Ricardo disse...

Concordo com o Fábio sobre o Jabor.

E deixo meu protesto: quero texto de sua lavra, ora! Jabor lê-se com qq Google, já o que vc escreve é mais singular.

amos, lá, mocinha, dedos à obra!

Denise disse...

Ai ai... o Arnaldo é óteemo, Né?
Adoro também! Mas o Ricardo tá certo: escreve mais uai!
beijo!

Fábio Mayer disse...

Verdade,

O legal aqui é ver os SEUS textos!

Fábio Mayer disse...

Ah!

E viva o Coxa!

Renata Livramento disse...

adorei o texto e o finalzinho me põs a pensar..
Mas vou juntar-me à campanha do Fábio e dizer que tb prefiro VC!
bjos e ótima semana

Fau Ferreira disse...

Lindo, lindo, lindo...

bagagens&destinos disse...

adoro essa crônica... mas acho que vou concordar com seu amigo Ricardo: queremos seus textos!!!! uhu! super beijo

Anônimo disse...

Permita-me discordar.O texto é pessoal.Eu sei porquê eu amo e não amo.Com determinados defeitos nem pensar.É ruim , hem...

Cadinho RoCo disse...

Tão estranho tão próximo distante, tão revelador e misterioso esse tal do amor.
http://cadinhoroco.sabrisweb.com

Chellot disse...

O amor é um sentimento inexplicável, não há como subjugá-lo ou lhe colocar freios ou cabresto. Texto muito bom!

Beijos infinitos.

Anônimo disse...

Amei....

E para desespero dos eternos despeitados, eu amaria o Jabor por seus belos olhos azuis...